11 de julho de 2010

DROPS 57

[DROPS são colunas esporádicas que moram no meu orkut e que agora terão um apartamento-extra pra quando quiserem um momento de solitude: aqui.]

há um ditador em mim. exigindo perfeccionismo do mundo, enquanto a complacência reina internamente. há um ditador em mim. ele chuta e luta por sua visão, grita por atenção, mas ninguém percebe uma mínima cruel intenção. suas plumas se exibem exuberantes e vibram com a noite, quando seus olhos de gato enxergam as possibilidades de açoite. ele está contato com o que é correto, mas foge da cena do crime, esperto como um rato, inocente como um coelho. exige sua vontade com maravilhosos argumentos e se lhe faltam momentos, apenas o silêncio lhe é o bastante para espalhar tormento. o ditador está aqui e agora, escrevendo este texto, em busca de entendimento, ou seria aconchego. exato por sempre e cheio de si, ele se abre num instante, but then closes in, em inglês mesmo, pois é mais fácil assim afastar quem tenta entender e entrar. os botões e cliques de sua mente, em constante funcionamento, estudam as falas, atitudes, conselhos, a fim de alcançar uma completude, visão panorâmica no melhor atacar. se infla e rosna dentro de sua razão; mas de repente tudo perde o diapasão, quando solitário se questiona se venceu ou não. porque o que resta, o que sobra, é uma insegurança insólita; é solidão carismática e sorridente, quase manipuladora... ou talvez isso mesmo. a armadura esconde um medo constante em não ser compreendido ou aceito. ele é duro e direto, mas deseja o objeto que afastara há instantes. porque minha raça ariana é linda e forte, mas teme a morte vinda com a rejeição. dos outros a opinião positiva: me amem, me louvem, me xinguem; mas deixem comigo seu coração. no fundo ele espera respostas doces e sinceras, mesmo que seu olhar de pantera perfure um “não!”. seriam as incongruências de alguém tão forte, mas tão jovem, buscando o lugar mais firme do chão. no fundo ele é igual a todo mundo, mesmo que seu cérebro só demonstre o poder em suas mãos. a mania de grandeza, repentinamente, não é nada, quando deparada com o espelho da solidão. pois é quando o público vai dormir, quando não há mais ninguém para aplaudir que as dúvidas começam a eclodir. o ditador é jovem e acha que pode. o ditador é jovem e tem medo que não possa retificar suas falhas, ou apenas abraçá-las. porque no fundo aquela complacência não existe; assim como dos outros, ele exige de si mesmo da perfeição à aceitação. por enquanto, c’est ça. x.o.x.o.

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