Na atualidade, cenas que chocam e constrangem pelo simples fato de sermos humanos não faltam: homicídios, corrupções, traições, dentre outras usurpações do nosso direito (direito?) de convivência com o outro. Mas, o que realmente me choca é a (des) proporção que isto toma no Brasil.
No Brasil vemos, não apenas nas manchetes, mas em histórias familiares, de amigos próximos, vizinhos, colegas de trabalho... histórias que contam em português a tragédia humana.
Muito embora o brasileiro orgulhe-se em vender, tipo exportação seu bom humor, orgulha-se também em vender, tipo exportação, nossa hospitalidade que acolhe o diferente, em especial o estrangeiro. É o tal do "fica à vontade, pode pegar na geladeira", quando uma visita, com a qual se busca ser hospitaleiro vai à sua casa. Eu, inclusive, por não ser assim, "acolhedora", costumo ser muito criticada...
Desse modo, mais que constrangedor, é incompreensível e brega a fúria brasileira ante às declarações do ator Sylvester Stallone sobre o Brasil e algumas perguntas ficam:
1. alguém constrangia-se e/ou enfurecia-se devido, não apenas em seus filmes, mas, em uma série de outros que são rodados aqui (oi? Michael Jackson?), usarem as favelas como cenário, lugar que convivemos tranquilamente em nosso constante ir e vir em nossas cidades, e que, longe de ser ponto turístico, como vende-se aqui os pacotes para estrangeiros, é a marca da exclusão capitalista e histórica, onde espremem-se milhares de negros e nordestinos, sendo constantemente taxados de "alta periculosidade" socialmente consentida e massacrada pela polícia?
2. alguém constrangia-se e/ou enfurecia-se por esta polícia cotidianamente corrupta, devido a um Estado historicamente falido, de profissionais, portanto, mal preparados e que, diante do enfrentamento cotidiano da morte, oriundos das mesmas camadas sociais da pobreza, buscam um emprego e ascensão social na base do "salve-se quem puder", munidos de fardas, armas e legitimidade social de um povo acuado, fazendo com que os riscos das bombas hollywoodinas serem armas de água, ante as inúmeras balas perdidas diárias e os "acertos de conta" para os crimes sem solução (comumente pobres)?
3. alguém constrangia-se e/ou enfurecia-se por uma atriz brasileira participar do filme e ser a representante da "típica" mulher brasileira (you know what I mean...)?
4. alguém constrangia-se e/ou enfurecia-se de dizer que veria este filme, produção tosca de histórias muito ruins, mas que lotam bilheterias por serem estrangeiras, reproduzindo parâmetros de violência e dominação, renegando à população um direito básico que é o acesso REAL E GRATUITO à cultura e educação, anulando a identidade de um povo, mantendo-os aculturados?
Logo, eu me constranjo e me enfureço com esta atitude aparentemente nacionalista que só se vê em época de Copa do Mundo, mas, que não se reflete nas urnas. Não porque realmente se incomodem, mas, como mãe magoada, não gostou da verdade que se ouviu - afinal ele só relatou o que viveu aqui - e se reage de forma veemente e sem lógica a algo que qualquer pessoa que viaja pelo litoral, nas férias de verão observa: uma cordialidade sem sentido, pois está longe de ser cordialidade, vê-se um arriar de calças (inclusive literalmente, especialmente no caso de mulheres), uma vassalagem histórica a qual o Brasil AINDA se presta ridiculamente rendendo honras a tudo o que é do exterior, principalmente se este fala: Thank you" em agradecimento.
Para concluir, deixo ainda 2 pontos:
1. este link da jornalista Ana Maria Bahiana que corrobora e amplia algumas de minhas reflexões:
2. e uma pergunta: MERCENÁRIOS???? Quem é mesmo???
28 de julho de 2010
25 de julho de 2010
...Got To Be Certain...
Existe algo de aterrorizante em tomar consciência das coisas.
É tudo que consigo escrever agora...
desolé.
É tudo que consigo escrever agora...
desolé.
23 de julho de 2010
Apocalipse My Ass!!
Às vezes você dorme, depois de dar uma, na ilusão de que vai ter um sono tranquilíssimo e acordar linda com a cutis renovada para todos os milhões de compromissos do dia seguinte.
Pois bem, em algum momento da noite eu não era eu, eu era Serena van der Woodsen, mais especificamente a linda e chiquérrima atriz que a interpreta, Blake Lively, numa mansão à lá Resident Evil: cara e majestosa - na verdade parecia alguma mansão presidencial. Assim que me percebo como tal, me dá um clique na mente e lembro que tenho mil compromissos em pouquíssimas horas. Okay, eram apenas duas coisas, mas que por conta do meu não-planejamento anterior se desdobravam em mil e podiam virar bola de neve: um era ajudar a irmãzinha a fazer a tarefa de casa, aquela menina Rafaela da última novela de Manoel Carlos, e a outra era ir pro meu trabalho, o Cine Pev, ter uma reunião com minha chefona Monalisa Barros e, logo depois, pôr um filme para uma sessão para o Conquista Criança e correr desesperadamente para a sessão de análise - que acontecia no mesmo tempo da sessão de cinema.
Mas okay, eu era Serena van der Woodsen, linda, loira e Upper East Sidder em meus Louboutins! I can pull off anything, certo? MEUCU, quando eu abro a porta da sala onde me encontrava, simplesmente acontecia o maior pandemônio EVER! Sério, era o Fim dos Dias, com direito aos Cavaleiros do Apocalipse e tudo mais! Geral sendo destruída, queimada, fodida, fornicada pelos capetinhas que aproveitaram pra sair do Inferno e fazer festa... todo tipo de desastre acontecia na ante-sala da mansão. E tudo parecia se concentrar lá.
Putz, o mundo tá acabando certo? Então, tenho todas as desculpas pra relaxar e faltar com meus compromissos, certo? MEUCU! Era questão de honra cumprir minhas tarefas, até mesmo porque naquele momento lembrei que não acreditava muito em Deus e já que ele resolveu se fazer presente, achei uma puta falta de sacanagem ele decidir acabar com a humanidade no dia em eu tinha tanto a fazer!
Mas enfim, saí correndo escapando de uns demônios aqui e acolá e fui atrás da irmãzinha que já estava espertamente escondida em outros ambientes do video-game! [Sim, isso mesmo, video-game!] Quando a encontrei, ela estava com nossos pais prontos para fugirem da mansão, pois aparentemente o apocalipse só acontecia por lá, pelo menos por enquanto. Só que tinhamos que fazer a tarefa dela, que como eu pensava que o mundo não podia parar só porque tinha uns Anjos da Morte e alguns seres humanos carbonizados em nossa casa. Ela, como um ser prodígio, já tinha feito o fichamento de toda sua tarefa e só precisava de minha ajuda para digitar e organizar.
Fizemos tudo isso enquanto os outros membros da família fugiam pela janela. Depois ela se foi e só sobrou, quem? Eu, linda Serena presa no apocalipse e tendo ainda que correr pra encontrar Monalisa Barros. Mas, como diz o chefe de uma amiga minha, VEJA BEM: eu realmente preciso encontrá-la, HOJE ao meio-dia...
São 11h17 - ADIOS!!!
Pois bem, em algum momento da noite eu não era eu, eu era Serena van der Woodsen, mais especificamente a linda e chiquérrima atriz que a interpreta, Blake Lively, numa mansão à lá Resident Evil: cara e majestosa - na verdade parecia alguma mansão presidencial. Assim que me percebo como tal, me dá um clique na mente e lembro que tenho mil compromissos em pouquíssimas horas. Okay, eram apenas duas coisas, mas que por conta do meu não-planejamento anterior se desdobravam em mil e podiam virar bola de neve: um era ajudar a irmãzinha a fazer a tarefa de casa, aquela menina Rafaela da última novela de Manoel Carlos, e a outra era ir pro meu trabalho, o Cine Pev, ter uma reunião com minha chefona Monalisa Barros e, logo depois, pôr um filme para uma sessão para o Conquista Criança e correr desesperadamente para a sessão de análise - que acontecia no mesmo tempo da sessão de cinema.
Mas okay, eu era Serena van der Woodsen, linda, loira e Upper East Sidder em meus Louboutins! I can pull off anything, certo? MEUCU, quando eu abro a porta da sala onde me encontrava, simplesmente acontecia o maior pandemônio EVER! Sério, era o Fim dos Dias, com direito aos Cavaleiros do Apocalipse e tudo mais! Geral sendo destruída, queimada, fodida, fornicada pelos capetinhas que aproveitaram pra sair do Inferno e fazer festa... todo tipo de desastre acontecia na ante-sala da mansão. E tudo parecia se concentrar lá.
Putz, o mundo tá acabando certo? Então, tenho todas as desculpas pra relaxar e faltar com meus compromissos, certo? MEUCU! Era questão de honra cumprir minhas tarefas, até mesmo porque naquele momento lembrei que não acreditava muito em Deus e já que ele resolveu se fazer presente, achei uma puta falta de sacanagem ele decidir acabar com a humanidade no dia em eu tinha tanto a fazer!
Mas enfim, saí correndo escapando de uns demônios aqui e acolá e fui atrás da irmãzinha que já estava espertamente escondida em outros ambientes do video-game! [Sim, isso mesmo, video-game!] Quando a encontrei, ela estava com nossos pais prontos para fugirem da mansão, pois aparentemente o apocalipse só acontecia por lá, pelo menos por enquanto. Só que tinhamos que fazer a tarefa dela, que como eu pensava que o mundo não podia parar só porque tinha uns Anjos da Morte e alguns seres humanos carbonizados em nossa casa. Ela, como um ser prodígio, já tinha feito o fichamento de toda sua tarefa e só precisava de minha ajuda para digitar e organizar.
Fizemos tudo isso enquanto os outros membros da família fugiam pela janela. Depois ela se foi e só sobrou, quem? Eu, linda Serena presa no apocalipse e tendo ainda que correr pra encontrar Monalisa Barros. Mas, como diz o chefe de uma amiga minha, VEJA BEM: eu realmente preciso encontrá-la, HOJE ao meio-dia...
São 11h17 - ADIOS!!!
21 de julho de 2010
18 de julho de 2010
Mulherão, my ass (e meu cérebro também!)!
Se tem 1 coisa que eu, de uma família repleta de típicos machos, escutei nessa vida foi: NOOOOSSAAAA!! Mas, fulana é um MULHERÃOOOOO! Ser mulherão era, devido a minha existência pré-silicone, essencialmente, ter bunda.
Embora não tenha quem diga hoje, mas, eu era um mulherão, e chamava muito a atenção. E eu odiava, porque me parecia que, se a palavra tinha que ser assim, ENORME, era porque meu lugar e importância eram, na verdade, pequenos.
Eu que era nova, mas nunca fui burra, entendi cedo que nomear de MULHERÃO, implicava em reduzir a mulher em um objeto palpável, no caso seu corpo, ou em partes dele, o que na prática significa minimizá-la. Os mulherões tornam-se, na verdade, mulherzinhas, reduzidos a brinquedos fetichistas masculinos, consumidas ao vivo ou em revistas, enquanto elas, iludidas pelo objeto maior do fluxo do desejo em nossa sociedade, odinheiro, estampam orgulhosas as infinitas intervenções cirurgicas na busca incessante pelo falo real e imaginário, fragilizadas e aprisionadas na condição do próprio corpo e de impor o feminino.
Para mim, ser mulherão é inserir-se no simbólico: assumir o feminino como uma condição e não como disputa que reproduz os mesmos padrões de comportamento masculino, é ter em seu corpo a certeza de que, mais que ser bonito, é parte da minha trajetória existencial e escolhas e não condição para elas. Estou no mundo e posso me apropriar dele, mesmo sem alguém ao meu lado.
E hoje, com bunda, peito, cintura e cérebro, me orgulho em dizer: sou um mulherão, mais macho que muito homem e mais feminina que muita histérica.
E ainda dizem que o Freud não tinha razão...
Embora não tenha quem diga hoje, mas, eu era um mulherão, e chamava muito a atenção. E eu odiava, porque me parecia que, se a palavra tinha que ser assim, ENORME, era porque meu lugar e importância eram, na verdade, pequenos.
Eu que era nova, mas nunca fui burra, entendi cedo que nomear de MULHERÃO, implicava em reduzir a mulher em um objeto palpável, no caso seu corpo, ou em partes dele, o que na prática significa minimizá-la. Os mulherões tornam-se, na verdade, mulherzinhas, reduzidos a brinquedos fetichistas masculinos, consumidas ao vivo ou em revistas, enquanto elas, iludidas pelo objeto maior do fluxo do desejo em nossa sociedade, odinheiro, estampam orgulhosas as infinitas intervenções cirurgicas na busca incessante pelo falo real e imaginário, fragilizadas e aprisionadas na condição do próprio corpo e de impor o feminino.
Para mim, ser mulherão é inserir-se no simbólico: assumir o feminino como uma condição e não como disputa que reproduz os mesmos padrões de comportamento masculino, é ter em seu corpo a certeza de que, mais que ser bonito, é parte da minha trajetória existencial e escolhas e não condição para elas. Estou no mundo e posso me apropriar dele, mesmo sem alguém ao meu lado.
E hoje, com bunda, peito, cintura e cérebro, me orgulho em dizer: sou um mulherão, mais macho que muito homem e mais feminina que muita histérica.
E ainda dizem que o Freud não tinha razão...
A arte do reencontro
Depois de semanas (meses?) sem postar, volto ao blog e isso me remete a uma questão muito recorrente para mim: o reencontro.
Antes de mais nada porque, só quem está longe de quem se ama e de onde tem referências sabe o impacto de um reencontro. É um afago na sua própria essência, como se o tempo estivesse parado e voltasse a correr. Mas, mesmo antes disso, o reencontro para mim sempre teve algo de mais interessante, essencialmente, porque, ele é uma decisão.
No primeiro encontro, tem-se a magia do acaso, do inesperado, de se surpreender diante da vida, mas, no reencontro é justamente a escolha de abrir uma brecha no tempo, alterar o curso do que seguiria naturalmente, dispor-se a ir em direção àquilo que já se tornou parte de sua história.
Sim, pois é por ter se inscrito em sua vida que não dá mais para seguir casualmente sem aquela situação ou pessoa, e contar novamente com a disposição do acaso, é, no mínimo, irresponsável. Agora, é preciso empenho e implicaçãO.
O reencontro permite o deja-vú, o tornar concreta a fantasia, reescrever a própria história, pois, já não há mais a incerteza, as dificuldades e defeitos já estão postos, o dia já amanheceu, a raiva já passou, os caminhos já mudaram, e o verbo não é mais ser, mas estar. Decide-se estar ali, apesar de.
Não que ela continue, mas, sinto que naquela pausa da respiração, entre o sorriso e o acelerar dos passos na hora do reencontro, é que ocorre a tal felicidade.
Antes de mais nada porque, só quem está longe de quem se ama e de onde tem referências sabe o impacto de um reencontro. É um afago na sua própria essência, como se o tempo estivesse parado e voltasse a correr. Mas, mesmo antes disso, o reencontro para mim sempre teve algo de mais interessante, essencialmente, porque, ele é uma decisão.
No primeiro encontro, tem-se a magia do acaso, do inesperado, de se surpreender diante da vida, mas, no reencontro é justamente a escolha de abrir uma brecha no tempo, alterar o curso do que seguiria naturalmente, dispor-se a ir em direção àquilo que já se tornou parte de sua história.
Sim, pois é por ter se inscrito em sua vida que não dá mais para seguir casualmente sem aquela situação ou pessoa, e contar novamente com a disposição do acaso, é, no mínimo, irresponsável. Agora, é preciso empenho e implicaçãO.
O reencontro permite o deja-vú, o tornar concreta a fantasia, reescrever a própria história, pois, já não há mais a incerteza, as dificuldades e defeitos já estão postos, o dia já amanheceu, a raiva já passou, os caminhos já mudaram, e o verbo não é mais ser, mas estar. Decide-se estar ali, apesar de.
Não que ela continue, mas, sinto que naquela pausa da respiração, entre o sorriso e o acelerar dos passos na hora do reencontro, é que ocorre a tal felicidade.
15 de julho de 2010
Saia Justa
Adoro papo de mulher! Não de mulher fresca que só fala de homem e sempre com a visão da coitada dominada. Não somente meus ídolos são feminíssimos, como Madonna, Kylie ou Jane Fonda, a maior parte das minhas amizades são com mulheres e todas elas potentes e bombásticas. Conversar com elas é sempre uma graça, pois o universo feminino sempre me fascinou. As mulheres da minha vida, partindo da minha mãe, são todas muito fortes em algum aspecto e como todas elas, com exceção das lésbicas, gostam do mesmo que eu [pintos! rs], nunca falta papo com elas.É por isso que um dos meus programas favoritos na TV é o Saia Justa, do canal pago GNT. Com 8 anos de existência, teve em sua formação original [e melhor] a jornalista Monica Waldvogel, a atriz/cantora e formada em psicologia Marisa Orth, a cantora Rita Lee e a escritora Fernanda Young; no programa elas tratam de diversos assuntos, geralmente do universo feminino. Hoje, além de Waldvogel, tem as atrizes Betty Lago e Maitê Proença e a filósofa Marcia Tiburi e a mistura de mentes é genial. Gosto muito da Marcia desde quando ela era figurinha do Café Filosófico, da TV Cultura, e o que mais gosto de sua participação no Saia Justa são seus insights mais teorico-filosóficos sobre a sociedade e o feminismo - e agora ando explorando seu blog.
Porém, o mais gostoso do programa do GNT é que essas quatro mulheres não se intimidam com nada, nem com a possibilidade de falarem bobagens. Sempre com línguas afiadas na sinceridade [até entre elas mesmas], são mentes não só brilhantes, como interessantíssimas. Não tem como não se divertir com suas conversas e polêmicas.
Saia Justa passa às quartas, 22h30, no GNT.
13 de julho de 2010
"It's Alive! It's Moving!"

O melhor de O Bebê de Rosemary [Rosemary's Baby, 1968 - EUA] é que você ainda pode pensar o que quiser do filme; tudo cabe! Sim, havia um culto saltânico... não, ela tava looooooca! Tudo pode porque Polanski, gênio que é, nunca nos diz o que devemos pensar.
Rosemary é a segunda parte de uma trilogia informal sobre horrores psicológicos em apartamentos e loucuras urbanas. Quem assisti-lo, note como o principal da ação acontece em apartamentos amplos, mas ainda assim muito fechados e artificialmente iluminados. O principal, os do Woodhouse, começa light e aberto e conforme observamos Rosemary ele vai se tornando tão obscuro quanto sua mente. Mas a maravilha que Polanski faz com sua câmera está nas cenas de locação, numa Nova York cinzenta de inverno, com planos fechados e close-ups quase invasivos nas personagens, causando uma sensação claustrofóbica mesmo quando do lado de fora.
As outras partes da trilogia são Repulsa Ao Sexo [Repulsion, 1965 - Reino Unido], com uma nova e fantástica Catherine Deneuve representando uma jovem sexualmente reprimida, e O Inquilino [Le Locataire, 1976 - FRA], sobre um burocrata tímido que se muda para um apartamento no qual o inquilino anterior cometeu suicídio. O primeiro [tem na Canal 3] não é tão sutil e ambíguo como Rosemary, mas é tão fantástico quanto; enquanto o segundo mencionado é quase uma raridade nas locadoras que conheço, apesar de facilmente encontrado na internet.
11 de julho de 2010
DROPS 57
[DROPS são colunas esporádicas que moram no meu orkut e que agora terão um apartamento-extra pra quando quiserem um momento de solitude: aqui.]
há um ditador em mim. exigindo perfeccionismo do mundo, enquanto a complacência reina internamente. há um ditador em mim. ele chuta e luta por sua visão, grita por atenção, mas ninguém percebe uma mínima cruel intenção. suas plumas se exibem exuberantes e vibram com a noite, quando seus olhos de gato enxergam as possibilidades de açoite. ele está contato com o que é correto, mas foge da cena do crime, esperto como um rato, inocente como um coelho. exige sua vontade com maravilhosos argumentos e se lhe faltam momentos, apenas o silêncio lhe é o bastante para espalhar tormento. o ditador está aqui e agora, escrevendo este texto, em busca de entendimento, ou seria aconchego. exato por sempre e cheio de si, ele se abre num instante, but then closes in, em inglês mesmo, pois é mais fácil assim afastar quem tenta entender e entrar. os botões e cliques de sua mente, em constante funcionamento, estudam as falas, atitudes, conselhos, a fim de alcançar uma completude, visão panorâmica no melhor atacar. se infla e rosna dentro de sua razão; mas de repente tudo perde o diapasão, quando solitário se questiona se venceu ou não. porque o que resta, o que sobra, é uma insegurança insólita; é solidão carismática e sorridente, quase manipuladora... ou talvez isso mesmo. a armadura esconde um medo constante em não ser compreendido ou aceito. ele é duro e direto, mas deseja o objeto que afastara há instantes. porque minha raça ariana é linda e forte, mas teme a morte vinda com a rejeição. dos outros a opinião positiva: me amem, me louvem, me xinguem; mas deixem comigo seu coração. no fundo ele espera respostas doces e sinceras, mesmo que seu olhar de pantera perfure um “não!”. seriam as incongruências de alguém tão forte, mas tão jovem, buscando o lugar mais firme do chão. no fundo ele é igual a todo mundo, mesmo que seu cérebro só demonstre o poder em suas mãos. a mania de grandeza, repentinamente, não é nada, quando deparada com o espelho da solidão. pois é quando o público vai dormir, quando não há mais ninguém para aplaudir que as dúvidas começam a eclodir. o ditador é jovem e acha que pode. o ditador é jovem e tem medo que não possa retificar suas falhas, ou apenas abraçá-las. porque no fundo aquela complacência não existe; assim como dos outros, ele exige de si mesmo da perfeição à aceitação. por enquanto, c’est ça. x.o.x.o.
há um ditador em mim. exigindo perfeccionismo do mundo, enquanto a complacência reina internamente. há um ditador em mim. ele chuta e luta por sua visão, grita por atenção, mas ninguém percebe uma mínima cruel intenção. suas plumas se exibem exuberantes e vibram com a noite, quando seus olhos de gato enxergam as possibilidades de açoite. ele está contato com o que é correto, mas foge da cena do crime, esperto como um rato, inocente como um coelho. exige sua vontade com maravilhosos argumentos e se lhe faltam momentos, apenas o silêncio lhe é o bastante para espalhar tormento. o ditador está aqui e agora, escrevendo este texto, em busca de entendimento, ou seria aconchego. exato por sempre e cheio de si, ele se abre num instante, but then closes in, em inglês mesmo, pois é mais fácil assim afastar quem tenta entender e entrar. os botões e cliques de sua mente, em constante funcionamento, estudam as falas, atitudes, conselhos, a fim de alcançar uma completude, visão panorâmica no melhor atacar. se infla e rosna dentro de sua razão; mas de repente tudo perde o diapasão, quando solitário se questiona se venceu ou não. porque o que resta, o que sobra, é uma insegurança insólita; é solidão carismática e sorridente, quase manipuladora... ou talvez isso mesmo. a armadura esconde um medo constante em não ser compreendido ou aceito. ele é duro e direto, mas deseja o objeto que afastara há instantes. porque minha raça ariana é linda e forte, mas teme a morte vinda com a rejeição. dos outros a opinião positiva: me amem, me louvem, me xinguem; mas deixem comigo seu coração. no fundo ele espera respostas doces e sinceras, mesmo que seu olhar de pantera perfure um “não!”. seriam as incongruências de alguém tão forte, mas tão jovem, buscando o lugar mais firme do chão. no fundo ele é igual a todo mundo, mesmo que seu cérebro só demonstre o poder em suas mãos. a mania de grandeza, repentinamente, não é nada, quando deparada com o espelho da solidão. pois é quando o público vai dormir, quando não há mais ninguém para aplaudir que as dúvidas começam a eclodir. o ditador é jovem e acha que pode. o ditador é jovem e tem medo que não possa retificar suas falhas, ou apenas abraçá-las. porque no fundo aquela complacência não existe; assim como dos outros, ele exige de si mesmo da perfeição à aceitação. por enquanto, c’est ça. x.o.x.o.
10 de julho de 2010
Divas Nasais
Depois de escrever a minha review, me pus a ler o que outros críticos disseram sobre Aphrodite e a recepção geral do álbum foi positiva. A minha favorita é de Tim Sendra, do portal Allmusic, na qual ele louva as qualidades de Kylie Minogue como intérprete. Ele diz:"Obviamente, ela nunca será confundida com uma diva de longas oitavas ou uma potência vocal, mas sua voz de garota-do-lado meio anasalada serve suas necessidades perfeitamente. Ela eleva-se pelas canções com a mistura exata de emoção e moderação, adicionando algum sarcasmo quando necessário (na descomunal faixa-título ["Aphrodite"] ou “Get Outta My Way”) ou uma calma melancolia quando tal humor se instala (“Illusion”). Esta habilidade de adaptar sua performance à canção é uma qualidade rara no mundo pop no começo dos anos 2010."¹
E ele está certíssimo! Diria que no mundo da música em geral, o minimalismo emocional na interpretação das cantoras atingiu ao tédio generalizado. Ótimas cantoras brasileiras, como Céu e Roberta Sá, ainda têm muito a aprender para chegarem ao nível de performance de uma Marisa Monte ou, sejamos exigentes, Maria Bethânia. Sem contar as malas com muito hype, como Maria Gadu, e a leva de lésbicas masculinas à lá Ana "Insuportável" Carolina.
Se formos para o mundo do Pop internacional a coisa fica ainda mais delicada.
O problema não são mais as Britney Spears e Ke$has, viciadas em Auto-tune para criarem o efeito que seu desempenho é incapaz de produzir na canção. A Ke$ha chega a ser nojenta, quando nenhum single lançado por ela até hoje contém sua voz sem estar robotizada pelo processador de áudio.
O problemão, ao meu ver, são justamente aquelas com potencial vocal legal mas são um grande tédio de interpretação. Todas essas biscatonas do R&B ou Hip Hop americanos sofrem disso. Nicole Sherzinglogoogonger das Pussycat Dolls, por exemplo, Ciara, e porque não nomes consagrados como Christina Aguilera, Mariah Carey e Whitney Huston. Todas elas botaram em suas cabeças-ocas que passar emoção é berrar que nem uma vaca e prolongar uma nota por quinhetas horas. As beeshas drama-queens aspirantes a travesti adoram! Eu, honestamente, bocejo.
Nem toda grande cantora Pop, capaz de alcançar e sustentar mega-notas, é um tédio de personalidade. Reparem Björk e Lady Gaga [duh!], como os gritos fazem parte de uma performance que transcende caretas whitneyescas e mãos nervosas aguilero-mariahescas; qualquer ser humano com o mínimo de sensibilidade consegue distinguir que os gritos de Gaga em Bad Romance (por exemplo) não são apenas para nos impressionar com sua chatisse vocal, mas fazem parte da monstruosidade do eu-lírico da canção. Nota: Beyoncé chegou muito bem a esse nível em I Am... Sasha Fierce, no qual ela grita menos e interpreta mais.Mas o interessante para mim é que minhas cantoras Pop favoritas são justamente as de vozes anasaladas meio limitadas, como Kylie, Madonna e Cyndi Lauper, mas que são gênios na performance, por saberem perfeita e exatamente o que fazer com seus instrumentos de trabalho. Para cada momento em que se enjoa de Girls Just Wanna Have Fun, há a beleza melancólica de uma True Colors, e isso você sente diretamente da interpretação dada por Lauper à canção. E você pode até odiar os gritinhos de Like A Virgin, mas deve-se admitir que mesmo que Madonna tenha absorvido isso diretamente da versão demo [gravada por um homem], aqueles HEYs fazem parte da Cultura Pop da forma que Madge os concebeu.
E para quem não conhece o extenso catálogo de Kylie Minogue recomendo a sensualidade de Slow, a ira contida no álbum Impossible Princess [1997], com músicas amargas como Too Far e Through The Years, e o romantismo-dramático de canções como Chocolate, Put Yourself In My Place e Dangerous Game.
Numa indústria em que nem sempre a estrela é a produtora [compositora] principal do que é comercializado, o diferencial artístico se encontra justamente na capacidade em que ela tem em dirigir seus contratados [compositores, músicos, produtores, fotógrafos etc] para exprimirem sua personalidade no produto final, seja criando ou seguindo tendências. É como Sendra acrescenta sobre Minogue e seu último álbum ao fim de seu texto: "[A habilidade de adaptar sua performance à canção] pode levar as pessoas a subestimarem o talento de Kylie, mas na verdade, Aphrodite é o trabalho de alguém que conhece exatamente quais são suas habilidades e quem contratar para ajudá-la a exibi-las com perfeição."¹
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Referências:
¹ Sendra, Tim. "((( Aphrodite > Review )))". allmusic.com.
Physical Attraction... Chemical Reaction?
Diz-se que os opostos se atraem, mas sempre duvidei dessa máxima em matéria de relacionamentos. Em todos eles, amistosos ou românticos, geralmente buscamos afinidades. Diz-se que não importa as maluquices mentais das pessoas, são as reações químicas que definem a atração, mas e aí, depois de dar uma o que explica a vontade de estar grudado, de ficar junto?
O ser humano é o único animal que fica depois de acasalar. Você não vê nenhum cachorro dormir de conchinha depois que goza e nem mesmo os pinguins imperadores, ditos monogâmicos, pagam de namoradinhos - o casal se encontra apenas para dar uma e criar o filhote, de resto cada qual no seu apartamento.
O ser humano é o único animal que fica depois de acasalar. Você não vê nenhum cachorro dormir de conchinha depois que goza e nem mesmo os pinguins imperadores, ditos monogâmicos, pagam de namoradinhos - o casal se encontra apenas para dar uma e criar o filhote, de resto cada qual no seu apartamento.
Tem gente que diz que a evolução humana está em justamente permitir burlar essas leis naturais; se o normal no reino animal é o sexo procriador, o homem faz sexo pra gozar, porque os tais 5 segundos [masculinos] são viciantes... mas, ainda assim, como explicar a vontade de ficar junto? Mesmo quando não há sexo per se, você se sente feliz e realizado e orgásmico só de estar deitado perto da pessoa! E saudade, quem explica? Cuazedo quando a pessoa não liga... é reação química também?
Se sim, seria ótimo, afinal é algo que não podemos evitar, faz parte da configuração genética da bagaça toda... tem coisas que são como são e acabou. Que descubram logo o gene do romantismo, porque por enquanto é coisa da nossa cabeça; e não que coisa da cabeça seja ruim ou errado... mas é que sabe como é né... a gente tem mania de não querer ser doido, quando no fundo não há escapatória: somos insanos.
...Apenas devaneios de gente apaixonada.
Se sim, seria ótimo, afinal é algo que não podemos evitar, faz parte da configuração genética da bagaça toda... tem coisas que são como são e acabou. Que descubram logo o gene do romantismo, porque por enquanto é coisa da nossa cabeça; e não que coisa da cabeça seja ruim ou errado... mas é que sabe como é né... a gente tem mania de não querer ser doido, quando no fundo não há escapatória: somos insanos.
...Apenas devaneios de gente apaixonada.
8 de julho de 2010
"Can You Feel Me In Stereo?"
Diz-se que opinião de fã é parcial e não merece muito respaldo. Contudo, em alguns casos, uma boa e bem fundamentada opinião de fã é muito melhor que a de um crítico supostamente imparcial. Por que penso assim? Jose uma vez me disse que o grande cineasta da Nouvelle Vague francesa, François Truffaut, também era crítico de cinema e pensava que um bom crítico era aquele que procurava ressaltar as qualidades, ao invés de apenas execrar todo e qualquer filme. Hoje em dia o que mais se vê por aí é jornalista falando mal por falar, e como o pensamento do mestre francês se enraizou em mim, que sou aspirante a crítico, ele tem sido o que busco em todas as resenhas, desde as que leio por aí e às que me proponho a escrever.Agora, é fato que eu nunca desgostaria de algo vindo de Kylie Minogue, [lançado oficialmente essa semana, mas vazado na web há pelo menos 15 dias] seu novo álbum, Aphrodite [2010, Parlophone], veio para mim como a brisa do mar na primeira manhã do ano - suave e refrescante, mas intensa se considerada sua origem. Contudo, achei melhor esperar para que algumas coisas se definissem melhor em minha cabeça, além da excitação de fã.
Tendo a deusa grega do amor e do sexo como matrona, "Aphrodite" fala principalmente de amar, sendo essa a linha temática essencial do álbum. Contudo, há algo de excitante em relação às letras e desenvolvimento das faixas: é como se cada canção representasse um aspecto e pensamento dessa personagem. No refrão da primeira faixa, All The Lovers [composta e produzida pelos lindos Kish Mauve - responsáveis por 2 Hearts], as vozes de Kylie e Mima Stilwell se combinam como sereias hipnotizantes, mas há uma serenidade que reforça exatamente o que elas cantam: all the lovers, that have gone before, they don't compare to you. Tais momentos apaixonados e brevemente dramáticos acontecem na maioria da faixas, como Put Your Hands Up (If You Feel Love), Closer e Cupid Boy [aquela música fantástica que tem tudo para se tornar uma jóia esquecida, como Your Love do álbum Fever (2001)].
Porém, todo o sangue, suor e romance não vem carregado por batidas obscuras como na obra-prima de 1997 da cantora, Impossible Princess [Deconstruction]. Aphrodite é um álbum Pop, voltado para o Dance, mas Pop. E mesmo que haja menos ousadia experimental, como Sensitized e Speakerphone [ambas do X], "Aphrodite" é um trabalho delicioso capaz de te levantar da cadeira - se você estiver disposto. A faixa título tem uma "bateria-de-quartel" genial e letra simples, mas definidora do clima do álbum: "I'm fierce and I'm feeling mighty, I'm a golden girl I'm an Aphrodite!" Ela diz que não poderíamos resistí-la e é o que acontece quando temos faixas como Get Outta My Way, Too Much [em parceria com o amigo Jake Shears, do Scissor Sisters, e Calvin Harris], Illusion e Can't Beat That Feeling. É verdade que, como disseram alguns críticos, nenhuma dessas faixas sejam grandes inovações de estilo [nem do gênero, nem de Kylie], mas esses mesmos caras foram os que esculhambaram "X" por sua falta de coesão e experimentalismo. Então... e daí o que eles dizem?
"Aphrodite" é bem diferente de seu antecessor, X [2007, Parlophone], não apenas no som, mas numa coisa muito cobrada em álbuns pop hoje em dia: coesão. Todas as faixas em X tinham grande potencial e eram excitantes por si só, mas a maioria não funcionava muito bem em conjunto. Em Aphrodite, o maravilhoso Stuart Price dá ao álbum o ligamento proveniente de uma excelente produção executiva; as faixas têm produção variada, mas [praticamente] todas passam pela mão e finalização de Price, resultando no som refinado e bem estruturado de "Aphrodite".
Criticamente, penso que o problema inicial deste álbum é que, ao contrário dos esforços anteriores de Minogue, não há a faixa-clímax; não há nenhuma Can't Get You Out Of My Head, Slow ou In My Arms aqui. Porém, a cada audição a coerência e coesão do álbum se destacam, sendo natural que ao invés de uma faixa favorita, você se apaixone por todas as faixas por igual. Mas como fã, apenas desejo que Minogue ponha todas as faixas no setlist da turnê e venha para o Brasil mais uma vez.
Porém, todo o sangue, suor e romance não vem carregado por batidas obscuras como na obra-prima de 1997 da cantora, Impossible Princess [Deconstruction]. Aphrodite é um álbum Pop, voltado para o Dance, mas Pop. E mesmo que haja menos ousadia experimental, como Sensitized e Speakerphone [ambas do X], "Aphrodite" é um trabalho delicioso capaz de te levantar da cadeira - se você estiver disposto. A faixa título tem uma "bateria-de-quartel" genial e letra simples, mas definidora do clima do álbum: "I'm fierce and I'm feeling mighty, I'm a golden girl I'm an Aphrodite!" Ela diz que não poderíamos resistí-la e é o que acontece quando temos faixas como Get Outta My Way, Too Much [em parceria com o amigo Jake Shears, do Scissor Sisters, e Calvin Harris], Illusion e Can't Beat That Feeling. É verdade que, como disseram alguns críticos, nenhuma dessas faixas sejam grandes inovações de estilo [nem do gênero, nem de Kylie], mas esses mesmos caras foram os que esculhambaram "X" por sua falta de coesão e experimentalismo. Então... e daí o que eles dizem?
"Aphrodite" é bem diferente de seu antecessor, X [2007, Parlophone], não apenas no som, mas numa coisa muito cobrada em álbuns pop hoje em dia: coesão. Todas as faixas em X tinham grande potencial e eram excitantes por si só, mas a maioria não funcionava muito bem em conjunto. Em Aphrodite, o maravilhoso Stuart Price dá ao álbum o ligamento proveniente de uma excelente produção executiva; as faixas têm produção variada, mas [praticamente] todas passam pela mão e finalização de Price, resultando no som refinado e bem estruturado de "Aphrodite".
Criticamente, penso que o problema inicial deste álbum é que, ao contrário dos esforços anteriores de Minogue, não há a faixa-clímax; não há nenhuma Can't Get You Out Of My Head, Slow ou In My Arms aqui. Porém, a cada audição a coerência e coesão do álbum se destacam, sendo natural que ao invés de uma faixa favorita, você se apaixone por todas as faixas por igual. Mas como fã, apenas desejo que Minogue ponha todas as faixas no setlist da turnê e venha para o Brasil mais uma vez.
2 de julho de 2010
Profissão Rep...Blogger
Jah sabe o quanto adoro as inovações advindas da tecnologia; a cultura de blogs revolucionou as relações de escrita/leitura no mundo inteiro. Hoje em dia não precisamos de uma editora para publicar o que escrevemos, nem de livrarias e bibliotecas para ler coisas realmente interessantes - está tudo aqui, agora e ilusoriamente de graça!
Porém, há algo de conservador quanto a isso tudo em mim. Tenho o maior apreço por blogs de conteúdo e linguagem interessante ao que se prestam, mas ainda assim desejo por uma profundidade que ainda é difícil encontrar na internet. Todo conservadorismo, por um certo ângulo, é preconceituoso e talvez por isso torça o nariz para quando alguém considere a atividade de "blogueiro" como sua prima atividade. Quantos realmente põem isso no campo "profissão" das fichas cadastrais? Quantos realmente sustentam a vida com dinheiro de blogagem?
Contudo, o maior problema da "profissão blogger" é o total despreparo de muitos dos ditos-cujos para simplesmente escrever, sobre o que quer seja. Veja bem, posso estar entrando num campo minado por mim mesmo, mas como se prestar a escrever se você não é capaz de abstrair críticas, algumas vezes, direcionadas exatamente para você? Há blogs que adoro ler, mas meus dentes rangem quando leio alguma resposta do blogueiro em relação a alguma crítica cheia de egocentrismo e auto-comiseração.
Por exemplo: tenho gostado muito do Só Prazamigas, que seguindo o mote do antigo blog de seu criador [o Meu Melhor Amigo Gay], dá dicas de relacionamento e sexo pras meninas na perspectiva do homem gay. Então, dia desses li um post em que uma garota esculhambava o blogueiro por seu discurso misógino e despreparado quanto ao trato da sexualidade. Obviamente, a crítica foi rechassada com escracho, o que na minha opinião seria um ótima oportunidade de auto-análise e, a partir disso, rebater a crítica com mais classe. O autor, Ande Texeira, tem um ótimo senso de humor, escreve bem, e mesmo que a crítica estivesse [até certo ponto] fora do contexto do blog, ele realmente não tinha o respaldo teórico para escrever sobre o que escreve e ser levado a sério.
É uma questão básica de auto-crítica. O problema de blogueiros é que somos os futuros jornalistas; mas, se antes tinhamos que ir pra faculdade [por pior que ela fosse] para aprendermos sobre regras básicas de Produção Textual, Ética, Filosofia e termos o mínimo de contato com as teorias sociais [da comunicação ou não], agora qualquer um de nós pode ter milhares de leitores e de repente virar formador de opinião. O pior é quando veículos de comunicação "sérios" contratam tais escritores, apenas para angariar ibope. Dia desses travei uma discussão twíttera com um que escreveu para o Folha Online uma suposta crítica do clipe de Alejandro, que era nada mais que uma compilação de tweets sobre o clipe que pipocaram na twittosfera. Quando fui ver a credencial da criatura: BLOGUEIRO!
#meucu!
E se antes o problema do mundo era que jornalistas formavam opinião, a tendência agora é que blogueiros formem opinião! E agora, você entende porque meu conservadorismo entra em cena?
Porém, há algo de conservador quanto a isso tudo em mim. Tenho o maior apreço por blogs de conteúdo e linguagem interessante ao que se prestam, mas ainda assim desejo por uma profundidade que ainda é difícil encontrar na internet. Todo conservadorismo, por um certo ângulo, é preconceituoso e talvez por isso torça o nariz para quando alguém considere a atividade de "blogueiro" como sua prima atividade. Quantos realmente põem isso no campo "profissão" das fichas cadastrais? Quantos realmente sustentam a vida com dinheiro de blogagem?
Contudo, o maior problema da "profissão blogger" é o total despreparo de muitos dos ditos-cujos para simplesmente escrever, sobre o que quer seja. Veja bem, posso estar entrando num campo minado por mim mesmo, mas como se prestar a escrever se você não é capaz de abstrair críticas, algumas vezes, direcionadas exatamente para você? Há blogs que adoro ler, mas meus dentes rangem quando leio alguma resposta do blogueiro em relação a alguma crítica cheia de egocentrismo e auto-comiseração.
Por exemplo: tenho gostado muito do Só Prazamigas, que seguindo o mote do antigo blog de seu criador [o Meu Melhor Amigo Gay], dá dicas de relacionamento e sexo pras meninas na perspectiva do homem gay. Então, dia desses li um post em que uma garota esculhambava o blogueiro por seu discurso misógino e despreparado quanto ao trato da sexualidade. Obviamente, a crítica foi rechassada com escracho, o que na minha opinião seria um ótima oportunidade de auto-análise e, a partir disso, rebater a crítica com mais classe. O autor, Ande Texeira, tem um ótimo senso de humor, escreve bem, e mesmo que a crítica estivesse [até certo ponto] fora do contexto do blog, ele realmente não tinha o respaldo teórico para escrever sobre o que escreve e ser levado a sério.
É uma questão básica de auto-crítica. O problema de blogueiros é que somos os futuros jornalistas; mas, se antes tinhamos que ir pra faculdade [por pior que ela fosse] para aprendermos sobre regras básicas de Produção Textual, Ética, Filosofia e termos o mínimo de contato com as teorias sociais [da comunicação ou não], agora qualquer um de nós pode ter milhares de leitores e de repente virar formador de opinião. O pior é quando veículos de comunicação "sérios" contratam tais escritores, apenas para angariar ibope. Dia desses travei uma discussão twíttera com um que escreveu para o Folha Online uma suposta crítica do clipe de Alejandro, que era nada mais que uma compilação de tweets sobre o clipe que pipocaram na twittosfera. Quando fui ver a credencial da criatura: BLOGUEIRO!
#meucu!
E se antes o problema do mundo era que jornalistas formavam opinião, a tendência agora é que blogueiros formem opinião! E agora, você entende porque meu conservadorismo entra em cena?
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