28 de junho de 2010

Saint John of Cinema - Parte 2

Bem, há espaço pra tudo né! Sábado, da praça com Marco, à Budega da Roseira com Acid Queen e o apagão, ao Livramento Palace com o pessoal do Circo Vox até às 6h da manhã, saindo às gargalhadas: "ONDE ESTÃO NOSSOS ÓCULOS ESCUROS?!"

Porém domingo bom é domingo sussa, então depois do meu almoço japonês voltei ao modo cinemático.

- Núpcias de Escândalo****
[The Philadelphia Story, 1940 - EUA. De: George Cuckor. Com: Katharine "Deus" Hepburn, Cary Grant e James Stewart]

"A melhor idade para julgar as pessoas é... nunca!"
Junte uma jovem divorciada rica e temperamental + seu charmoso ex-marido + um escritor/repórter sensacionalista frustrado = "Núpcias de Escândalo". Dirigida por um dos mais legendários diretores e estrelada pela mulher considerada a maior atriz do cinema [Katharine Hepburn mantém o recorde de 4 Oscars, ainda viva!], essa comédia de 1940 é um delicioso estudo de caráter sobre as relações pessoais na alta classe, mas que se mantém atual em nossa sociedade fetichista pelo "estilo de vida dos ricos e famosos."
O filme começa mostrando o fim do casamento de Tracy Lord [Hepburn] e C.K. Dexter Haven [Grant]. Dois anos depois, Tracy está prestes a se casar com o emergente George Kittredge [John Howard] e o evento se torna alvo de Sidney Kidd [Henry Daniell], editor-chefe da revista de fofoca "Spy", que envia para conseguir a história Macaulay Connor [Stewart], escritor - feito jornalista de fofocas para ganhar a vida - e sua fotógrafa e "amiga", Liz Imbrie [Ruth Hussey]. Com exceção da pequena Dinah [a fantástica e hilária Virginia Weidler], irmã de Tracy, a família Lord odeia a imprensa, portanto os jornalistas recebem a ajuda de ninguém menos que Dexter. A partir do momento em que todos se encontram na propriedade dos Lord, a confusão se instala e uma série de revelações e surpresas acontecem de forma deliciosamente cômica.
O centro das atenções, Tracy, é inteligente e refinada, a epítome da mulher que veste a armadura de seus padrões a fim de esconder sua frágil inabilidade em compreender o mundo e o amor além de suas fronteiras. A magistral Katharine Hepburn [que não tem parentesco algum com Audrey Hepburn] nos dá uma Tracy terrivelmente adorável, mesmo que sarcástica, nos tornando fascinados por ela, ainda que repelidos. É isso que acontece com Macaulay Connor que, disposto a revelar as podres rachaduras da alta sociedade, se dobra aos humanos encantos de Tracy, apesar de também tomá-la como a deusa que ela impõe.
O roteiro de Donald Orgen Stweart, baseado na peça de Philip Barry, é de um colorido humor ácido, recheado por diálogos tão ferinos quanto citáveis que entregam com extrema naturalidade as características das personagens. Há momentos tão hilários capazes de alfinetar em culpa aqueles que torcem o nariz para filmes clássicos por acharem-nos chatos. A jovem Weidler rouba todas as cenas, quando presente, com um tino de comédia invejável [a cena em que ela se apresenta aos jornalistas é de chorar de rir], e a química entre os três protagonistas é de igual graça. Tudo conectado pela magistral direção de George Cuckor, autor das melhores adaptações teatro-cinema, como Nascida Ontem [1950] e Minha Bela Dama [1964].
Mais: a direção de arte é perfeita e o figurino [especialmente o de Tracy] é fantástico.

- Quart4B***
[Quart4B, 2005 - BRA. De: Marcelo Galvão. Com: pais neuróticos e um tijolo de maconha prensada]

O que fazer quando maconha é encontrada na sala de aula de seu filho? Esse é o argumento da comédia de Marcelo Galvão que retrata uma reunião de pais e mestres após o ocorrido. Porém, esqueça defesas ou condenações, o inteligente roteiro de Galvão se concentra nas reações e motivações humanas diante do tabu.
Após votação e decisão de fumarem um baseado como experimento, as personagens transcendem a discussão da legalização ou não da droga e atingem o nível do comportamento humano em geral.
Embora a edição pareça às vezes confusa, ela de maneira interessante mostra a "viagem" das personagens sob o efeito da droga, o que acrescenta ao ponto de vista gêneroso e quase imparcial do diretor. Numa dessas viagens, uma personagem imagina que tudo não se passa de um filme, tornando a experiência de assistir "Quart4B" ainda mais gostosa e, sobretudo, engraçada.

- Matador***
[Matador, 1986 - ESP. De: Pedro Almodóvar. Com: Antonio Banderas, Assumpta Serna, Nacho Martínez, Eva Cobo, Chus Lampreave, Carmen Maura]

Todos os elementos de Almodóvar estão presentes, mesmo que este seja um dos seus primeiros filmes: as imagens chocantes, as cores vibrantes associadas a enquandramentos quase obscenos, sexo, amor e morte. O interessante de ver a trajetória de diretores ainda em atividade é perceber as temáticas e histórias que se repetem ao longo de sua carreira.
Em Matador, Antonio Banderas é Ángel, um estudante de toureiro tímido e sexualmente reprimido devido à criação dada pela mãe - que é do Opus Dei. Após tentar estuprar Eva [Eva Cobo], a namorada de seu mestre [Nacho Matínez], Ángel decide assumir uma série de assassinatos aos quais não cometeu.
Em espanhol, "matador" é um dos sinônimos para toureiro e elementos do trabalho do matador são cruciais no desenvolvimento da trama. Apesar de manter a áurea de thriller, o filme é confeitado com o delicioso humor negro, inerente à maioria das obras do diretor, ainda que se perceba um escurecimento no tom. Assumpta Serna é a epitome da sensualidade como a advogada de defesa de Ángel; sua primeira cena, por exemplo, é de tirar o fôlego! E Pedro explora isso até quando ela passa batom vermelho.
Por outro lado, Eva Cobo é etereamente linda, mesmo quando nua e vestida para ser sexy, sua beleza é filmada pelo diretor de forma quase virginal. Chus Lampreave e Carmen Maura também fazem participações cômicas memoráveis como a mãe de Eva e a psiquiatra de Ángel, respectivamente.
O filme, porém, ainda está longe da perfeição dos mais recentes do diretor. O roteiro contém buracos aqui e acolá: nunca sabemos as reais motivações de Ángel, por exemplo, e algumas personagens, como a mãe de Ángel, são deixadas pelo meio da trama. Ainda assim, Matador é um filme ótimo e essencial para amantes de Pedro Almodóvar.
Três curiosidades: Pedro faz uma participação como ator, representando o estilista de um desfile feito por Eva, numa cena hilária onde ele indica alguns dos temas centrais do filme. Outra coisa é que a temática das touradas será retomada por Almodóvar no sensacional drama de 2002, Fale com Ela - mas, como acima mencionado, o clima e o tom são completamente diferentes e, digamos, melhor trabalhados. E finalmente, para quem gosta de Madonna e conhece o clipe de Take A Bow, é interessante notar como algumas cenas do filme pareceram inspirá-la, como uma cena em que o mestre de Ángel beija a amada pela televisão.

27 de junho de 2010

Flor do Deserto

Tenho medo de cine biografias. Elas prometem demais nos trailers, mas acabam sempre romantizando a vida da pessoa da forma mais americanesca possível. Segundo a maioria deles, todo mundo relevante passou por algo ultra-traumático, lembrado por eles por toda a vida, sendo, também, a força motora de toda as suas ações e motivo de celebridade. Algumas até são bem intencionadas no âmbito estilístico, - como Piaf [2007] - mas acabam sendo mais do mesmo [de novo: Piaf]. Poucas cinebiografias se predispõem logo de cara a serem aquilo que realmente são: abstrações artísticas de um diretor cinematográfico sobre a vida de alguém - meu exemplo mais adorado é [óbvio] Maria Antonieta, de Sofia Copolla.

Contudo, ainda assisto cinebiografias porque acho as vidas das pessoas interessantes e essa semana estréiou no Brasil, Flor do Deserto, sobre a vida de Waris Dirie - top model de origem somali que sofreu multilação e virou ativista dos direitos humanos contra a prática. O trailer (abaixo), claro, conta tudo (tudo bem, todos fazem isso), mas a vida de Dirie é fascinante e o elenco conta com a fantástica Sally Hawkins; A direção é de Sherry Horman, Liya Kebede representa Waris (premiada como atriz revelação em Cannes ). A fala final do trailer é arrepiante!

26 de junho de 2010

Saint John of Cinema - Parte 1

[Classificações de * a ***]

O que fazer quando se tem praticamente uma semana de feriado, não gosta de forró e não compartilha do fetiche geral por explosivos? Video-locadora ativar! Quando fui à Canal 3, comentei com Lídia [uma das adoráveis atendentes] que estava nos extremos do amor e o sangue, o que resultou em 9 locações bem distintas.

- Garota Diabólica***
[Jennifer's Body, 2009 - EUA. De: Karyn Kusama; com: "a-gostosa-devoradora-de-homens" e "a-nerd-gostosa-que-faz-sexo"]

Confesso que comecei já esperando não gostar. Quem em 2008 não babou por Juno e o roteiro ultra-geek de Diablo Cody cheio de referências à Cultura Pop [indie!]? Até a Academia se derreteu e premiou a ex-stripper-agora-roteirista por seu primeiro texto para o cinema. Tudo bem, eu adorei Juno! Mas com o tempo o hype me cansou e por isso peguei "Garota Diabólica" com más intenções.
Me lasquei quando me deparei com uma adorável comédia-terror teen que não inova muito no gênero, mas é um bom exemplar de quanto um bom texto pode te conquistar.
Jennifer [Megan Fox] e Needy [Amanda Seyfried] são amigas de infância, mas na adolescência, apesar de continuarem BFFs [Best Friends Forever], são extremos opostos: a primeira é cheerleader gostosona sex-goddess, a segunda nerd. Viu, nada de inovador! Porém, tudo se complica quando Jennifer, possuída por um demônio, passa a digamos... canibalizar os garotos que ela pega.
O terror é praticamente nulo, porém o roteiro de Cody é obviamente carismático e, com classe, flerta com as discussões de gênero e o comportamento adolescente feminino [garotas maneaters vs. virgens etc]. Seyfried é um encanto e Megan Fox... bem, é gostosa!

- Elsa & Fred - Um Amor de Paixão**1/2
[Elsa y Fred, 2006 - ARG/ESP. De: Marco Carnevale. Com: um viúvo com uma filha neurótica e uma velhinha safada e maluquete]**1/2

Comédia romântica sobre dois vizinhos velhinhos que se apaixonam. Recentemente viúvo, Fred [Manual Alexandre] é meio que obrigado pela filha neurótica [Blanca Portillo] a se mudar para um apartamento, onde tem como vizinha Elsa [China Zorrilla]. Já Elsa tem dois filhos, o mais novo é um artista medíocre bem vagal e o mais velho é o rico control-freak, que a sustenta, e de quem ela desvia dinheiro para ajudar o mais novo. Além disso, Elsa é mentirosa compulsiva, vive se metendo em confusão e, ao se apaixonar por Fred, insere-no em seu "mundo de aventuras sexagenárias".
Apesar de o roteiro de Carnevale, Marcela Guerty e Lily Ann Martin ser bem interessante, com seu humor leve e visão adorável sobre o amor na terceira-idade, é a direção do primeiro que deixa desejar quando o filme acaba dando muito menos do que promete e é capaz. Contudo, vale a pena assistir porque a maravilhosa Zorrilla é hilária e Portillo [a Agustina de Volver] rouba todas as cenas quando presente.

- Cloverfield, O Monstro***
[Cloverfield, 2008 - EUA. De: Matt Reeves. Com: um monstro fodão e de origem desconhecida, um monte de americano prontos pra serem devorados]

AMO cine catástrofe! Aviões, ônibus desenfreados, tubarões, cobras, ETs misantropos e, claro, monstros gigantescos que adora comer metrópoles!
Sim, Cloverfield é mais uma versão de Godzilla! Sim, Nova York é a Boca do Inferno, tudo de ruim acontece lá. E sim, o exército americano salva todo... opa, calma lá esse é diferente. Produzido pelo novo queridinho dos pirofágicos de Hollywood, J.J. Abrams, esse filme pega A Bruxa de Blair e faz uma superprodução que, apesar de ter tudo para ser uma porcaria, se torna uma inteligente metáfora de humor negro para o terrorismo.
Só há um problema grave nesse filme: é uma pura experiência de cinema, ou seja, você vai desejar um mega home-theatre e telona.

- Um Casamento Perfeito****
[Le Beau Mariage, 1982 - FRA. De: Eric Rohmer. Com: vários franceses problemáticos com maravilhoso senso de estilo]

A cada filme Eric Rohmer se torna um de meus diretores favoritos [com certeza haverá mais posts sobre ele].
Nesta adorável comédia, da série "Comédias e Provérbios", acompanhamos a história de Sabine [a maravilhosamente simples Béatrice Romand], jovem com uma queda por homens casados. Ela larga o amante pintor durante uma noite frustrante [ele interrompe o sexo para atender telefonema do filho] e decide que vai se casar. Para isso conta com a ajuda da amiga Clarisse [a linda!linda!linda! Ariele Dombasle] que lhe apresenta seu primo Edmond [André Dussollier], um advogado charmoso, fino, porém distante.
Como em todos os filmes de Rohmer, os diálogos de suas intrigantes personagens são as grandes estrelas. Ademais, a simplicidade dos roteiros de Rohmer é uma delícia, sempre contando histórias cotidianas e sem muito estardalhaço, mas que nos tocam justamente por parecerem muito próximas de nossa realidade.

- Old Boy****
[Old Boy, 2003 - Coréia do Sul. De: Chan-wook Park. Com: você simplesmente terá que ver!]

Um dos filmes mais instigantes que vi em ANOS, Old Boy é a típica história de vingança in Asian-style, mas com um roteiro, direção e edição de tirarem o fôlego! Sei que soa preguiçoso dizer isso, mas este é o tipo de filme que você precisa ver e sentir, porque adjetivos soam ineptos para descrevê-lo.
Basicamente é assim: Dae-su Oh [Min-sik Choi] é sequestrado e passa 15 anos num cativeiro com uma televisão como contato para o mundo. Após ser hipnotizado, Dae-su Oh se descobre livre e parte para descobrir seu sequestrador e, obviamente matá-lo.
Com posicionamentos de câmera quase claustrofóbicos, o diretor Chan-wook Park injeta poesia e beleza num filme que poderia ser como qualquer outro drama de ação. Porém, há algo de fascinante na sociedade sul-coreana, e o fantasioso nicho formado pelas personagens de Park, que você inevitavelmente é sugado pelo mistério do filme de forma surpreendente.
Antenção: é a segunda parte da Trilogia da Vingança, porém os filmes não são sequenciados, se fazem trilogia apenas pela temática: "vingança, violência e salvação".

- XXY****
[XXY, 2007 - ARG/FRA/ESP. De: Lucía Puenzo. Com: Martín Piroyansky e Inés Efron]

Se a história de hermafrodita lutando para saber "o que é" e "o que quer ser" soa bem "Hilary Swank e seu injusto Oscar em Meninos Não Choram", XXY é o tipo de filme que se torna muito mais de tudo que você esperou. Esqueça sua mente criada por dramalhões americanos, produzidos de forma maniqueísta para te fazer chorar e se emocionar com um drama tão fácil quanto superficial.
No filme de Lucía Puenzo acompanhamos Alex, uma garota de 15 anos com muito mais problemas que o início da bombação hormonal da adolescência; por ser hermafrodita, os hormônios de Alex e seus efeitos são um grande mistério. E é assim que se comportam todas as personagens, com um "elefante branco" de presença forte e angustiante. Os atores são boa parte do sucesso do filme, especialmente os adolescentes: a Alex de Inés Efron é fantástica e carismática, enquanto Martín Piroyansky dá a seu Álvaro uma confusão melancólica de partir o coração, capaz de te cativar, mas mantendo a distância que ele mesmo impõe.
Se as persoangens de Puenzo se encontram em constante confusão interna, ela, porém, nunca as deixa soltas ao relento da forma sádica: o filme nunca é infiel à natureza de sua história e personagens; ao invés de te chocar [como esperamos em Hollywood], os elementos se adicionam de maneira delicada, apesar de corajosa.
XXY tem como elemento surpresa justamente os sentimentos trazidos à tona e [re]utilizados para perfurar a tensão. Numa determinada cena, Alex boia no oceano, desafiando tal tensão - mesmo quando se utiliza dela. É assim que o filme de Puenzo se comporta diante de nós: como a tensão superficial da água, é preciso rompê-la mas não exige nenhuma força monumental, basta vir com delicadeza.
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Bem, foram esses até então - ainda há mais três pra assistir: o brasileiro Quart4B; O Matador, de Almodóvar; e a clássica comédia-romântica de George Cuckor Núpcias de Escândalo, com o delicioso Cary Grant e a divina Katherine Hepburn.

25 de junho de 2010

Michael, Eles Não Ligam Pra Gente!

Há um ano Michael Jackson se foi, mas obcecamos tanto com a imagem, persona e legado da criatura que certamente ele deve estar assim seja lá onde ele estiver:

[Thriller: Melhor Momento Pop Ever ou previsão do que se tornaria seu criador?]

Mas piadinhas aparte, logo quando o cara morreu passei por um período de mergulho em sua obra. Não estava nem aí para as controvérsias de sua vida - bicha, pedófilo, branco, preto... para mim ele era de fato o Rei do Pop e havia um culpinha por não ter me aprofundado em seu trabalho enquanto vivo. Tem aquela máxima: "você não sabe o que tem, até perder...", então baixei tudo de Michael e me pus a ouvir.

O amante Pop em mim reconhece centenas de aspectos que fazem de Michael inigualável na indústria/cultura pop. Mas esse mesmo lado se pergunta, "será?" No fim das contas, carreira pop de Michael Jackson se resume a quatro álbuns FANTÁSTICOS [Off The Wall, Thriller, Bad e Dangerous] e alguns singles muito bons [They Don't Care About Us, por exemplo] - sim, estou deixando de fora sua infância e adolescência na Motown Records. E, talvez, esteja sendo ingrato e pernóstico, mas falo aqui neste instante de "sentimento".


[Michael Michael, eles não ligam pra gente!]

Concordo que tudo produzido nesses quatro álbuns foram suficientes para definir a música Pop como ela é hoje: não tenho o que reclamar da música - sou especialmente apaixonado pelo "Off The Wall"; adoro seus videoclipes, apesar de acreditar que eles se resumem a Thriller e Black Or White; e suas danças eram de fato o máximo. Mas o quanto disso se renovou ao longo da história?

Os discussos [imagéticos ou "políticos"] de Michael nunca me dizem muito mais que sua impostação celebratória. Em alguns casos dessa minha vida de sucker for Pop, uma coisa se sobressai mais que a outra tranquilamente [oi, Britney Spears!], mas em nenhum dos casos essas pessoas são consideradas realeza por mim ou meus padrões.

Provavelmente, eu exija demais num nível madonnico. Quando olho para sua obra e leio sobre o modus operandi de Jackson, percebo que reinvenção nunca foi mesmo seu forte, nem intenção. Num nível pessoal então, apesar de reconhecer e adorar muito do trabalho de Michael Jackson, no fim das contas fico apenas com sua música e contribuição na música Pop, pois o posto de Rei do Pop [na minha concepção de realeza], ele parou de ser quando ficou branco. #prontofaley

Cyber Bullying

É bizarro, mas essas coisas me tocam muito mais do que caça às baleias, ou o aquecimento global. Sinceramente, há milhares de coisas para nos preocuparmos nesse mundo, não podemos defender todas as causas, portanto escolhemos algumas. A minha causa é o comportamento humano, procuro saber, estudar, entender tudo relacionado a isso.

Inspirado pelo post anterior da Acid Queen, vi alguns vídeos sobre bullying no YouTube. Este é um dos comportamentos que mais me tocam, tanto pelas ações quanto pelas consequências. Hoje em dia é ainda pior: os meios se extenderam e nem em casa essas crianças se sentem seguras, pois a internet virou mais uma ferramenta do bullying. Sofri bullying (psicológica) na escola e sou defensor do fim da bullying, mas há uma série de vias, paralelas e transversais, nessa história. Uma delas é a simples natureza competitiva do ser humano.

[Ryan se matou aos 14 anos por não aguentar a bullying e cyber-bullying que sofria]


Acid Queen, repreenda-me caso falar merda, pois essa é sua área, contudo nós vivemos em constante competição desde que surgimos; seja por comida ou por status, como é mais comum nos dias de hoje. Contudo, o atual fenômeno [midiático] do bullying e o número de casos que chegam ao extremo, como o de Ryan, é um interessante indicativo de como a configuração familiar grita por uma reforma comportamental.

Neste caso, digo por mim mesmo. Só não cheguei a apanhar na escola ou ser difamado na internet, mas tanto sofri quanto cometi todos os tipos clássicos de bullying - desde a insinuação ao confronto direto - e, hoje em dia sei o quanto minha família teve importância nesse meu processo. Toda a história do diálogo aberto e cumplicidade, que às vezes soa como balela, é importante porque crianças e adolescentes sempre serão cruéis; bullying nunca vai acabar, justamente por ser uma demonstração de poder - tanto que ela não acaba ao fim do colegial, tem gente que se sente "bulinada" por toda a vida, portanto a discussão não deve permanecer no "parem de mexer com meu filho/comigo", mas evoluir para "por que isso me afeta tanto?".

Talvez, seja por isso que no Brasil não haja tantos casos de bullying levadas ao extremo do suicídio. Nossa sociedade tem uma forma diferente de se comportar e reagir às adversidades. Como conversava outro dia com a própria Acid Queen, temos criatividade e isso é um ponto importante, tanto no recebimento da bullying, quanto nas relações familiares. Contudo, a coisa acontece e não é menos traumática.

Como diz o pai no vídeo acima, o colegial não é o fim do mundo, mas quantas vezes ele disse isso ao próprio filho quando ele era vivo?

24 de junho de 2010

Coruja

Uma das pessoas que eu mais amo nessa vida é meu irmão.
Eu poderia fazer um post só sobre o por quê de tudo isso, mas prefiro postar os trabalhos dele, em parceria com seu amigo, o Douglas.
Este primeiro acaba de ser postado pela prefeita da cidade, no blog dela, pois é uma campanha contra bullying nas escolas.



Este segundo vídeo, eles ganharam o prêmio bronze da APP (Associação Paulista de Publicidade), numa cerimônia massa, onde todo o teatro Pedro II apaludiu de pé e contrariada, por não ter sido o Ouro.



E este é para mostrar que, no nosso caso, humor e glamour vem de berço!



Enfim, sou coruja mesmo, corujíssima, super orgulhosa dos irmãos e amigos que eu tenho.

FREAK OUT! Le freak, c´est chic!

Pelo título do blog, eu tenho que ter pelo menos um post emo, então vamos a ele.
Viver para mim é difícil. Não sou suicida, não penso em me matar, vocês vão ter que me aguentar um longo tempo ainda, mas não acho que a vida é bonita, é bonita e é bonita (aliás, só gente fodida canta essa música, mais motivos para eu não gostar). Acho que a gente sobrevive apesar de tudo, e inclusive cria as fantasias de felicidade, amor eterno, amor materno incondicional para suportar o hard core que de fato a vida é.
Porém, mais que fantasias, afinal fazer análise te tira do pais das maravilhas, há 2 questões para mim fundamentais e que me sustentam: humor e glamour.
Amo almodóvar, pois ele conseguiu captar a essência de ambos. O sofrimento em seus filmes é escrachado, bombástico, cru, mas glamouroso, chique, dramático das interpretações às cores dos figurinos.
Eu faço questão de conviver com gente bem humorada e glamourosa e não falo de gente "engraçadinha", que eu detesto e nem de fashion victims. Falo de gente com atitude, com postura diante da vida, capaz, antes de tudo, de ser um critico de si mesmo.
Ter senso de humor é enxergar o mundo para além da primeira lente, ver as possibilidades de se divertir apesar dos poucos recursos ante a dor e a finitude, é ver que a tragédia só nos dói porque também, sem as firulas que a gente inventa, é muito engraçada.
O glamour é a reinvenção de si mesmo, é potencializar pontos que te fazem mais forte esteticamente e diante da vida, é seduzir seu próprio corpo em favor de algo que ele violentamente lutaria contra, se se deixasse levar pela realidade do que é a vida.
Por isso, diante dos meus dilemas, o choro só vale se o rímel borrar como diva, o corset se afrouxar, exausta, e a meia 7/8 de seda prender naquela pontinha da cadeira, no momento do desepero, e fizer um rombo enorme.
E como já diria Bette Davis: LEAVE ME ALOOONEEE!!! Porque ter franja e maquiagem é só para os fortes!

Who fucking are you, baby? PART 1

Acid Queen é um ser paulista e solitário que quando retirada de seu habitat natural, por muito tempo, torna-se agressiva, sendo necessário reconduzi-la ao seu local de origem, pois não se reproduz em cativeiro.
Se relaciona bem com machos, acima de 1,70m, importante a presença de pêlos, chamada vulgarmente de barba, na face. Há também um componente fundamental: banho, comum em espécies de paises tropicais. Outra espécie de machos com os quais ela interage bem são os AMIGOS, sendo frequentemente encontrada entre bandos deles.
No entanto, Acid Queen apresenta grandes problemas com outras fêmeas no bando, principalmente, se elas agirem como fêmeas (vulgo, histéricas). Fêmeas em bando também são suas inimigas naturais (vulgo, histeria coletiva).
Machos que se relacionam com Acid Queen, como estratégia de defesa e interação também foram evolutivamente selecionados nos seguintes aspectos: inteligência, senso de humor ácido e "pegada".
Há, porém, um tipo de macho com o qual Acid Queen não tem boa convivência. Uma espécie híbrida, conhecida como HOMEM BANANA. Pesquisas comprovam que esta espécie, ainda que macho, não possui uma caracteristica fundamental que é ATITUDE, o que a afasta rapidamente
Sua principal presa é uma espécie esquisita de animais oportunistas. É comum ver seus ataques a bandos desses animais e impressiona pelo grau de violência e ferocidade. E sem sujar as mãos!!!
É possivel amansá-la, mesmo durante a TPM, que é fortíssima! Há relatos de convivências com humanos comuns, porém não por períodos prolongados, sendo avessa a pessoas que não conhece, e também às do tipo burro, chato e folgado.
Acid Queen FOGE sob qualquer ameaça de carências, perguntas, mãos na cintura, ciúmes, grude e bjmeligalogo!. Outro traço interessante é sua apatia diante de comportamentos de vitimização, vulgarmente chamada de Síndrome do Coitadinho, esquivando-se.
Odeia clima frio, e migra em época de verão para o litoral brasileiro.
Uma forma fácil e simples de espantá-la é ouvir próximo ao local onde ela se encontra forró, reggae, arrocha e sertanejo. Para aproximá-la e acalmar, é só ligar um rap, punk rock ou Cindy (DIVA!) Lauper.

DROPS 56

[DROPS são colunas esporádicas que moram no meu orkut e que agora terão um apartamento-extra pra quando quiserem um momento de solitude: aqui.]

como um escritor que [no momento] rejeita as palavras, poucas delas realmente me movem ultimamente. “dinheiro” é um exemplo, afinal ninguém normal nessa sociedade se mantém intacto sob esse termo. “tesão” é outra, por motivos óbvios, o que me leva à que realmente tem me fascinado: “paixão”.

andréia é de montes claros e em conquista se instalou no ramo do vestuário masculino; em sua loja, ela vende roupas que em sua maioria não me chamam a atenção, mas tem itens formidáveis e super efetivos no despertar do meu desejo consumista. contudo, desde que a conheci, a coisa por ela dita que mais me marcou foi “paixão”. em contexto, ela declarou que o combustível essencial em seu negócio é fazê-lo com paixão. isso me empacou por alguns instantes da abundante conversa que tínhamos eu, ela e meu pai. onde está minha paixão? ou melhor, onde estou depositando-a?

é tão difícil responder certas perguntas quando seu vocabulário já não te satisfaz como antes; como no espetáculo “nu de mim mesmo” disseram: deveria haver uma palavra para designar aquela pessoa que está feliz e nervosa ao mesmo tempo. mas aí me pergunto, estou nervoso? ora, certamente meu humor não anda muito fácil; reflexo das mudanças acontecendo em minha mente, é como se algo forte ainda tentasse me prender “ao que tem sido”; tal estado é tão ridículo, é a manutenção do que já é gasto e pede renovação.

ssa semana me deparei com uma nova característica minha. talvez eu seja uma pessoa inclinada à seriedade. uma pirraça/brincadeira me irritou profundamente, muito mais do que achasse dever, pois sempre fui afeito a certas pegadinhas. mas não, essa me magoou e ao ser inquirido por que, não soube responder. e agora penso, talvez seja porque não faço mais pegadinhas e não vejo mais a graça nelas. talvez esteja me transformando num velho sem senso de humor... ou simplesmente, talvez, meu humor esteja mudando. que mal há nisso?

há uma parte de mim ciente de todas essas revoluções internas e, algumas vezes, reage na tentativa de impor paradigmas; costumo chamar essa parte de ego e é justamente a que dá faniquito quando algo fora da norma acontece e que, também, se sente culpada pela histeria. estou cansado dessa parte. há outra que aceita melhor as coisas, abraça as mudanças. ela, por exemplo, é tranqüila quanto à sensação atual de me divertir mais em casa e com menos pessoas ao redor. é ela, também, que tem me encorajado a apreciar mais os momentos de silêncio.

soa contraditório alguém com aspirações literárias menosprezar tanto a fala... mas não é isso. esse meu lado silencioso tem me feito notar que as palavras são até mais vibrantes e coloridas quando você gasta menos tempo falando. como escreveu madonna: “suas ações falam mais que palavras, que são apenas palavras, a não ser que sejam verdadeiras.”

como sabe-las verdadeiras? nas ações, no movimento que surte efeito direto nas sensações. acabei de assistir o fantástico “asas do desejo”, de win wenders. para quem não sabe, foi o filme que inspirou a melosidade hollywoodiana chamada “cidade dos anjos”. nele, os anjos ouvem principalmente os pensamentos das pessoas, portanto, 80% do filme é mudo! agora tente imaginar a dificuldade dos atores em ter um roteiro cheio de falas que só serão ditas depois que o diretor diz “corta”! antes de tal momento, tudo dito pela personagem é feito apenas com ação.

isso é profundamente tocante. isso foi terrivelmente inspirador. porque falar às vezes é como muita luz que cega! já esteve num ambiente em que todos falam demais, ao mesmo tempo, e você simplesmente não ouve mais nada? pois então, “i’ve grown tired of your words.”

por enquanto c’est ça.
x.o.x.o.

23 de junho de 2010

P-P-P-Poker Face P-P-P-Poker Face!

Há uma preguiça inerente em começar um blog. Hoje em dia ninguém lê nem horóscopo de jornal e agora com o Twitter, pra que gastar tempo com milhares de caracteres de neuroses de um desconhecido? Mas hei, amo a twittagem! Desenvolver um pensamento em 140 caracteres é foda! Porém, a necessidade de uma mente neurótica quase sempre transborda esse limite, então, ao invés de floodar a timeline dos meus seguidores com as lamentações, resolvi voltar à vida blogueira.

Obviamente não somente postarei minhas paranóias mentais, como também as inspirações da vida de alguém que mora numa cidade pequena demais pro seu ego. Além disso, postarei também aqui, os DROPS, minha coluna no Orkut, e terei colaboradores que farão basicamente a mesma coisa que eu, porém é sempre bom ter novas mentalidades na figura.

Eu, em linhas gerais, sou ariano, estudo Jornalismo numa faculdade estadual capenga, porém cheia de gente engraçada. Adoro o comportamento humano, mas definitivamente os cães são mais legais; me interesso por cinema, música, literatura, moda, filosofia, sociologia, psicologia e todas essas -gias que deixam o ser humano maluco [portanto, mais interessante]. Venero a Arte/Cultura Pop, sendo Madonna e Kylie Minogue os deuses-mor, e atualmente sou obcecado por Lady Gaga e filmes de Eric Rohmer; recentemente re-apaixonado por "Maria Antonieta", de Sofia Coppola, e diretores de cinema que fazem do gênero terror uma ferramenta de experimentação.

Finalmente, estou num relacionamento à distância monogâmico e fiel há quase um ano e meu namorado é lindo! E sim, só disse isso porque o narcisismo não tem limites.