31 de agosto de 2010

DROPS 58 [ou "sobre árvores e frutos"]

[DROPS são colunas esporádicas que moram no meu orkut e que agora terão um apartamento-extra quando quiserem um momento de solitude: aqui.]

é um tanto amedrontador encarar as coisas agora. estranhamente, é quando me pego sentindo tantos medos, como agora, que lembro da força interna que sempre tive. "você não faz idéia do que tem, até que o perca."

tenho medo da rotação em torno do próprio eixo. não sou o planeta, enorme e antigo e, por isso, gracioso no movimento; meus pólos magnéticos são ainda tão desconhecidos, e aquilo que não sabemos, inevitavelmente nos assusta a princípio.

suas palavras me tocaram. nosso amor persiste e é natural querermos vê-lo crescer, desabrochar. contudo, peço perdão se soar arrogante, não sei se estamos preparados para declará-lo maduro. o amor é algo tão delicado, ele não se sustenta por si só. ao mesmo tempo, é tão magnânimo: ele nunca nega sua fragilidade; quando percebe que suas estruturas se abalam, ele não hesita em pedir ajuda. ao contrário de nós, seres humanos cheios de egos, superegos e ids.

agora, tente compreender o medo advindo de suas palavras. representações paradoxalmente sofisticadas de nossa rudimentar forma de expressão (a verbal), elas às vezes perdem a credibilidade. não digo que não mais acredito nas palavras, porém procuro conhecer e compreender os valores que nelas empregamos.

hoje em dia, este tem sido um dos meus grandes problemas no mundo, com as pessoas, comigo. a coerência entre a expressão verbal, os frondosos e fortes galhos das palavras, e as profundas raízes das atitudes. este ligamento, o tronco, por assim dizer, tem sido minha grande busca neste período da vida. é algo tão forte que, como você sabe, vem afetando toda minha relação com os outros entes da floresta.

no momento, é como se um vendaval nos afetasse. nossos galhos se debatem ao vento, buscando estrutura, equilíbrio. é assustador, pois a idéia de sermos arrancados do solo e atirados para longe sem esperança ainda é real. no momento, nossos galhos se debatem entre si, causando dor, desconfiança, medo.

preciso saber se nossos troncos são fortes. preciso saber se seus galhos podem manter-se em harmonia com suas raízes e se elas podem, cada vez mais, se aprofundar no solo.

nós podemos ser dois carvalhos seculares; podemos ter impressas em nossos corpos as marcas do tempo. nós podemos ser interligados e tangenciais nessa floresta; mas, nesse temporal, preciso sentir que a sua árvore pode ser forte, pelas próprias raízes. só assim posso confiar em nossos frutos.

é o que desejo, mas você tem que me ajudar a concretizá-lo, mostrando que tem tronco e raízes fortes para sustentar seus galhos com graciosidade, mesmo quando o fruto (o amor) vacila.

por enquanto, c’est ça.
x.o.x.o.

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