29 de novembro de 2010

#SongDuJour 2

Robyn - Call Your Girlfriend by lucaswoodstock

o pop é repleto de corações partidos; se você parar e analisar, não deixará de notar a quantidade de divas que tiveram seus sentimentos destruídos por algum FDP, deixando uma série de traumas para lidar em letras capazes de fazer um diabético tremer. felizmente, uma parte delas segue a filosofia de vida melhor descrita por michael jackson em seu clássico "off the wall": "so tonight gotta leave that nine to five upon the shelf/and just enjoy yourself/groove, let the madness in the music get to you/life ain't so bad at all/if you live it off the wall" - reforçando um dos melhores campos da música pop: "tears on the dancefloor" [lágrimas na pista de dança].

elas destilam suas frustrações e até superações em letras desavergonhadamente românticas, acompanhadas de batidas não apenas contagiosas, mas perfeitamente construídas para ajudar no processo de cura. pergunte a kylie minogue como se faz, por exemplo.

robyn é uma das minhas deusas deste olimpo. ela mostrou seus poderes em canções como "with every heartbeat", "be mine" e em singles mais recentes como a irresistivelmente triste "dancing on my own" e a esperançosa "indestructible".
em seu mais recente álbum, "body talk", há essa faixa "call your girlfriend". depois de álbuns e charts tendo seu coração partido sucessivamente, robyn explora outro lado da história - ela é a outra! mas alguém que sofreu tanto por amor [e tem tantos produtos maravilhosos explorando sua queda] deve ter alguns bons insights sobre como sobreviver: ela vira pro cara, diz que está na hora de ligar pra namorada e ter a tão temida conversa.

por ter estado tanto nessa posição, seus conselhos são doces, porém realistas - "then you tell her that the only way her heart will mend is when she learns to love again/ and it won't make sense right now but you're still her friend" - afinal, ela bem sabe que de coração partido ninguém morre.

além disso, há a música que mescla uma programação rave com uma fantástica atmosfera synth-pop oitentista. infecciosa, romântica e dramática – como toda boa faixa “tears on the dancefloor” deve ser.

4 de novembro de 2010

#VideoDuJour 5



A verdade é que existem células românticas percorrendo minhas veias, por mais que eu não goste de admitir. Todavia, como boa parte do que vem de mim, elas se manifestam meio que controversamente. Um exemplo é minha preferência natural pelo nicho Pop chamado "Tears On The Dancefloor" [TOTD] - em palavras tupiniquins "lágrimas na pista de dança".

Mesmo tendo Kylie Minogue como a Ministra principal desse meu culto, há outras divas maravilhosas com canções rasgadamente românticas preenchidas por batidas hipnóticas e envolventes; por exemplo, Sophie Ellis-Bextor e, agora minha full-adiction, a sueca Robyn.

Já conhecia sua capacidade de produzir fantásticas TOTD desde "With Every Heartbeat", mas as duas canções postadas acima são a prova do quão magistral ela é na composição e produção deste estilo.

"Dancing On My Own" seria uma canção dor-de-cotovelo básica se não fosse a auto-depreciação de Robyn - mesmo sabendo que o ex tá com outra garota, ela, alegadamente estúpida, precisa ver com os próprios olhos. Como? Se posta num canto da pista e inveja os dois se beijando... mas no fim das contas ela continua se jogando, dançando sozinha. Talvez soe como um exagero meu, mas isso pra mim é como uma filosofia: não importa o quão destruído você esteja, continue dançando, mesmo que em modo solo. No clipe, é exatamente isso que vemos: uma Robyn solitária, ora cantando diante de uma haste sem microfone [oi, ele não sabe que ela está ali], ora se acabando em meio a uma multidão que apenas atesta sua solitude.

Já "Hang With Me" tem outra perspectiva: como proceder diante de alguém que já foi mais que amigo, mas agora só pode ser isso? Particularmente, não faço idéia, tentei fazê-lo mas sou adepto da manutenção da distância. A própria Robyn me justifica quando no refrão diz: "but don't fall wrecklessly headlessly in love with me, cos it's gonna be all heartbreak blissfully painfully insanity."

Robyn apresenta uma esperança: "if we agree... you can hang with me." Lucas, por experiência, é menos otimista e continuo no modus operandi anestésico de "Tears On The Dancefloor".

16 de outubro de 2010

#SongDuJour 1



Britney Spears é pura perfeição pop! Há poucas divas pop que ainda dividem tanto as opiniões como ela; nessa vida há mais de dez anos, a persona de Spears e seus escândalos sobrepuseram-se à sua música, muitas vezes injustamente. Poucos dão atenção ao fato de que ela... é detentora de um apanhado dos melhores singles da última década, mesmo que todos se acabem com eles na buatchy.

Cínicos dizem que ela deve isso a seus produtores, mas a verdade é que, apesar de vocalmente limitada, Britney tem a qualidade essencial para ser uma cantora Pop: performance. Tente imaginar "Baby One More Time" sob os gritos de Christina Aguilera, ou Beyoncé gozando "I'm A Slave 4 U", sem a ingenuidade e senso de humor safado de Spears. Com o produtor certo ela é capaz de brilhar e imprimir em suas canções uma assinatura única.

"Unusual You" é uma música do "Circus" que não foi single. Porém, ela é uma das melhores do catálogo de Spears. Esta balada uptempo é um certificado da qualidade estrelar de Britney no estúdio. Seu desempenho exala uma doçura quase melancólica, enquanto ela descreve a surpresa em encontrar um amante que não a põe pra baixo.

Interessante também é a produção de Bloodshy & Avant [os responsáveis por seu topo: "Toxic"], semelhante ao trabalho mais melódico e orgânico da dupla no coletivo Miike Snow. O arranjo em momento algum duvida de si mesmo, mantendo o ânimo alto com uma batida eletrônica bem pontuada, mas sem medo de nos fazer desacelerar e apenas flutuar. O melhor disso é que Britney se mostra aqui em um dos momentos mais auto-confiantes de sua carreira.

#VideoDuJour 4



okay katy perry, you win! estou oficialmente viciado em "teenage dream" - a canção. ainda continuo achando o álbum uma porcaria pop geral e esse vídeo é um clichê audiovisual tão grande que você literalmente se concentra no abdo-fenomenal de Josh Kloss [o cara que ela come no clipe].

o problema de katy perry é que ela é um tédio bem enorme. quando o assunto é pop, não gosto de cantoras, meu negócio é performers. perry com certeza pode cantar, mas sua voz tem o mesmo gosto de chuchu em todas as músicas.

daí você tem o álbum "teenage dream" cheio de canções absolutamente genéricas, cantadas por essa linda garota com fascinantes olhos de coruja e... só, no emotion, no excitação, no nada... boring. a canção título é a única que soa marcante, a única que nós do hemisfério sul ainda lembraremos em dezembro quando estivermos na praia, porque seu gosto de maresia é delicioso.

mas, obviamente, a canção deve isso aos produtores. e, só pra constar, um dos autores e produtores de "teenage dream" - a canção - é max martin. martin who? google-o e leia a lista de hits-me-baby-one-more-time que ele tem.

7 de outubro de 2010

#VideoDuJour 3



hoje é quinta! já é fim de semana!!! então a palavra de ordem é REBOLAR!!!

"hollaback girl" foi uma das músicas em que mais fui viciado; apenas porque ela não passava pela cabeça ou ouvidos, ela ia "direto-pra-bunda"!

naquela época [4 a 5 anos atrás] eu nem tinha galgado esse termo para descrever uma música, mas obviamente, minha bunda enrustida já entendia sua essência. co-escrita e produzida pelo N.E.R.D. [pharrell aparece no clipe], a faixa tem batida e melodia tão envolventes que raramente você a processa pela mente.

nessa minha revisitação neuroticona deste álbum "love.angel.music.baby" de gwen stefani, relembro do quão bem construída é sua estética. praticamente uma "colcha de retalhos", os diferentes estilos, que variam [em sua maioria] dos anos 1980 a 1990, soam quase como um capítulo do livro sagrado da "colagem pop" que tem sido a primeira década do século XXI. ouçam "danger zone", 11a faixa do álbum, e comparem com ladyhawke: gwen stefani been there and done that, baby!

porém, nada de análise: hoje é quinta! dia de começar a rebolar!

#VideoDuJour 2

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101002/not_imp618576,0.php#noticia

hoje não é vídeo. hoje é política.

fiquei as eleições inteiras sem dar uma palavra sobre isso. política não é algo que se discute inflamadamente de 2 em 2 anos, quando se coloca no avatar do orkut a foto do seu candidato. política é o dia-a-dia quando você acorda de manhã, chega na sala de aula atrasado e tenta convencer o professor a retirar sua falta, apesar de você ter chegado 1 hora após a chamada. política é a dona de casa que vai pra feira e tenta convencer o feirante a vender aquela banana por menos que o indicado.

a maioria das pessoas que conheço raramente sentam para deliberadamente discutir essas questões e outras mais do cotidiano que definem diariamente a política. enquanto isso, formei minha visão e postura político-partidária [essa da época de eleições] baseadas na minha vivência e na observação da coerência entre os discursos e atitudes das pessoas ao meu redor, e o que é comumente designado como realidade.

a semanas do 1o turno sou bombardeado por scraps, feeds de facebook e emails com as mais variadas formas de propaganda partidária. minha irritação vem do fato de que ninguém, ao longo do ano, veio me perguntar o que eu pensava sobre o governo e o que eu esperava do próximo presidente.

o link é para um artigo da psicanalista maria rita kehl publicado no estadão em 2 de outubro de 2010. ele resume, basicamente, o que eu penso sobre a classe média brasileira e porque eu levo muito pouco em consideração a opinião dos meus amigos e "companheiros de classe média" na hora de escolher meu candidato à presidência.que venha 31 de outubro e que até lá ninguém venha me convencer em quem votar.

#VideoDuJour 1



Uma vez, eu e Purki discutíamos como o show de Lady Gaga, a julgar pelas gravações bootleg que há por aí no youtube, aparentemente tem uma péssima iluminação. A luz de um espetáculo qualquer é a vice coisa-mais-importante, por ser justamente ela quem dá força visual ao teor emocional da performance.

Nesta performance de "The One", faixa de seu décimo álbum "X", Kylie Minogue dá exemplo de como uma criativa iluminação eleva a performance a patamares paradisíacos: a simples projeção de uma sombra espiral dá o efeito hipnótico que a própria canção já traz. Some a isso os ângulos e close-ups quase voyeuristas que a câmera faz de Minogue e seu olhar, e das adoráveis dançarinas francesas do "Crazy Horse". É simples, mas um trabalho muito bem produzido por um artista pop.