...meu índio estava aqui pelo acaso. obviamente tive uma queda instantânea por ele: era inteligentíssimo e um espírito livre e fascinante, disposto sempre a desconstruir suas pré-concepções. eu e um amigo iniciamos uma leve competição para quem conseguia atrair a atenção dele primeiro. não tinha motivos para acreditar que ele não fosse hétero. era lindo e calmo; tinha um quê de mistério em sua face, mas pelo simples fato de ser uma novidade, pronta para ser desvendada. enigmático, mas natural. acredito que houve um threesome, contudo sua conexão foi comigo. não houve, quer dizer, não lembro de processos, conversas, apenas me lembro de tê-lo sentado, nu, sobre mim, entre meus braços; com sua pele avermelhada, onde manchas naturais brilhavam no escuro fantasticamente. não haviam sombras, questões, éramos livres! estávamos apaixonados, mas éramos livres. ele não estaria para sempre e eu não vacilava por isso. entregamo-nos por inteiro ao momento. aquela liberdade… eu não tinha desejos de mantê-lo por perto, apenas o queria enquanto estivesse. nos conhecemos intimamente, compreendíamos cada charada, abraçávamos cada curva. sabia que ele era meu modelo de príncipe. um forasteiro exótico que não apenas roubara meu coração, mas o analisara, cuidara, alisara, beijara… e entregara o seu para mim livre e tranquilamente. nosso amor era perfeito, suspenso no tempo, presente. era a personificação dos meus ideais mais oníricos. era antropomorfização…